FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Dia internacional do orgulho LGBTQIAP+: Pesquisadores da Poli-USP escolhem data para lançar biblioteca de mapas auto-organizáveis em python

Idealizadores da biblioteca IntraSOM, Cleyton e Rodrigo, ressaltam a importância de se criar referências LGBTQIAP+ na ciência, e em especial na Poli-USP, instituto no qual 33% das pessoas se identificam como pertencentes a esta comunidade

(Foto: Amanda Rabelo/Comunicação Poli)

Lançada oficialmente nesta quarta feira, 28 de junho, a apresentação da biblioteca de mapas auto-organizáveis, Intrasom, inova ao oferecer à comunidade científica um meio de código aberto para organizar dados complexos com diversas variáveis, a partir de mapas de representação topológica.

A IntraSOM é fruto do trabalho do doutorando Rodrigo César Teixeira de Gouvêa, sob a orientação do professor da Escola Politécnica (Poli) da USP, Cleyton de Carvalho Carneiro, em colaboração com o professor da Poli, Rafael do Santos Gioria, e o mestrando Gustavo Rodovalho Marques.

O sistema de produção dos mapas auto-organizáveis representa uma arquitetura de redes neurais artificiais, também conhecidas como redes de Kohonen, que se expressam topologicamente a partir dos múltiplos estímulos a que são submetidas, característica que diferencia a IntraSOM de outros algoritmos de aprendizado de máquina, e demarca uma grande inovação na organização, análise e visualização de dados complexos.

“Quando você mexe as mãos ou movimenta a língua, isso ativa neurônios específicos que estão conectados de forma topológica no cérebro. Como as redes neurais visam de certa forma reproduzir esse fluxo de informações de neurônios tal como os neurônios comuns, Kohonen trouxe essa preservação topológica para dentro dessa rede neural artificial”, explica o professor Cleyton Carneiro.

Desenvolvida em linguagem Python, a produção da biblioteca com a metodologia SOM (Self-Organizing Maps, ou mapas auto-organizáveis), os pesquisadores pretendem promover a colaboração de cientistas de diversas áreas, oferecendo um meio de explorar a interdisciplinaridade e potencializar os estudos científicos. “Podemos utilizar o comportamento dos mapas auto-organizáveis com outras técnicas, seja estatística ou inteligência artificial, e também com coisas típicas que ocorrem em coleta de dados, como lidar com dados faltantes e os predizer de modo consistente usando essa topologia preservada” assinala o professor Rafael Gioria.

A ferramenta foi disponibilizada para o público durante o evento de lançamento, que contou com a participação do vice-diretor da Poli, professor Silvio Ikuyo Nabeta, do presidente da Comissão de Inclusão e Pertencimento da Poli, professor José Reinaldo Silva, e do ex-diretor da Poli e coordenador do Capítulo de São Paulo da Academia Nacional de Engenharia (ANE), José Roberto Castilho Piqueira, professor do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Poli.

De forma online, participaram também da cerimônia de lançamento, a professora do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP São Carlos, Cibele Russo, O professor do Departamento de Teleinformática da Universidade Federal do Ceará e a Engenheira de Petróleo Dan Ni Lin, ex-aluna da Poli.  

Representatividade como caminho para inclusão 

Ressaltando a entrada da USP no Ranking das 100 melhores universidades do mundo, anunciada nesta quarta pelo QS World University, o professor José Reinaldo Silva reforça o papel na inclusão na conquista da posição. “Para chegar neste lugar é preciso dar o próximo passo, que significa saber juntar pesquisa e inclusão. Este evento é um marco na trajetória da USP rumo a posição desta conquista”.

“Durante o desenvolvimento do trabalho percebemos, por vezes, a falta de referenciais científicos da comunidade LGBT. Essa representação faz falta porque ao não nos identificarmos com pessoas como nós, é possível que desistamos da carreira acadêmica por entender que esse espaço não nos pertence”, reforça Cleyton. 

Rodrigo ainda levanta a importância da diversidade na sua trajetória de escolha da vida acadêmica. “Eu sempre enxergava o lugar que eu gostaria de chegar, mas nunca enxergava um referencial desse local. É importante existir corpos e vozes diversas para que esses grupos possam enxergar que a carreira acadêmica como algo alcançável”. 

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